"
.
"Toda a arte é erótica" (Adolf Loos, "Ornamento e Crime", 1908). A frase é de um racionalista deste século, de um asceta do branco, da linha recta e da função, mas a prática de arte e de vida de um sensualista como Goethe demonstra-o à evidência (não há, de resto, contradição entre ascese e erotismo: basta pensar na experiência e no discurso místicos). Toda a obra de Goethe foi, de uma maneira ou de outra, escrita com os sentidos, para os sentidos, sobre os sentidos. É isso que o distingue dos "heróis alemães da renúncia e do espírito", dos sublimadores como os Schiller, Hölderlin, Kleist, daqueles seus contemporâneos que se imolam pelo fogo... no papel. "Quem não fala claro aos sentidos, não fala também de forma límpida à alma": é este já o programa "classicista" de Goethe, na abertura da revista "Propileu" (1798). Em Goethe, o princípio ético ou político, a ideia, nunca se sobrepõem ao corpo nem ao indivíduo. Corpo, corpo de mulher, é também a obra ("... que o natural das mulheres/ Tem tanto a ver com o da arte. ": Fausto II, 5106-07). Ou então, arte e mulher serão como uma floresta de espelhos atravessada por um Eu curioso de si, e constantemente satisfazendo aí essa necessidade de espelhamento.
.
"
No comments:
Post a Comment