wellcome // bienvenu // hola // olá

wellcome // bienvenu // hola // olá

we are more – act for culture in Europe

.
.
.
I'm very happy with your arrival! this virtual place is focused on the (so called) feminin and masculin voice's", by the Art's approach, and it is not a diary-blog. I wish you enjoy with pleasure and comments :-)
//
Je suis enchantée de votre visite! Remarquez que ce blog (n'est pas un blog-périodique), est construit autour des (désignés comme) voix et regards au féminin et au masculin à travers les contributions de l'Art. Il ne me reste que vous désirer deux toutes petites choses: qu'ayez plaisir ici et... qu'il soit partagé=comenté:-) avec moi.

//
!Hola! !estoy encantada con tu visita! mira una cosilla: este blog no es de edición diária ?vale?. Es un blog centrado en las (designadas como) voces y miradas en el femenino (y en el masculino), segundo las aportaciones de L'Arte. Mis votos de que disfrutes por acá y... de que puedas compartir conmigo ese placer :-).
.
.
.

musical's wellcomings / les bienvenues musicales / las bienvenidas musicales

Send me your sounds

12 May 2008

"A Terceira Mulher" segundo Gilles Lipovetsky

"Mulher, um mal necessário relegado para actividades sem brilho, ser inferior sistematicamente desvalorizado ou desprezado pelos homens: isto desenha o modelo da «primeira mulher».
(...)
(...) perdurou longamente na história, inclusivamente até à alvorada do século XIX em certas vertentes das nossas sociedades. No entanto, na segunda metade da Idade Média, surgiu um outro modelo que, ao longe de entoar a eterna litania das invectivas dirigidas às mulheres, tentou, pelo contrário, louvar os seus papéis e os seus poderes. A partir do século XII, o código cortês desenvolve o culto da Dama amada e das suas perfeições; nos séculos XV e XVI, a Bela é elevada aos pináculos; do século XVI ao XVIII multiplicam-se os discursos dos «partidários das mulheres» que elogiam os seus méritos e as suas virtudes e fazem o panegírico das mulheres ilustres. Com o Iluminismo admiram-se os efeitos benéficos das mulheres sobre os costumes, a delicadeza e a arte de viver; no século XVIII e, sobretudo, no século XIX, sacraliza-se a esposa-mãe-educadora. Por mais diferentes que estes dispositivos sejam, possuem em comum o facto de colocarem a mulher num trono cuja natureza, imagem e efeito ampliam. a mulher amada torna-se a suserana do homem. (...) Ao tradicional encarniçamento depreciativo sucedeu a sacralização do feminino.
.
É evidente que esta idealização desmesurada da mulher não aboliu a realidade da hierarquia social dos sexos. As decisões importantes mantêm-se nas mãos dos homens, a mulher não desempenha qualquer papel na vida política, deve obediência ao marido e é-lhe negada a sua independência económica e intelectual. O poder feminino continua a ser unicamente relegado para os campos do imaginário, dos discursos e da vida doméstica. Porém, embora a mulher não seja reconhecida como indivíduo igual e autónomo, nem por isso deixa de sair da sombra e do desprezo que eram o seu destino. É-lhe reconhecido o poder de elevar o homem (...), de formar os jovens, de civilizar os comportamentos e de exercer uma influência oculta sobre os grandes acontecimentos deste mundo. A partir do século XVIII, difunde-se a ideia de que o poder do sexo fraco é imenso e que ele detém, maugrado as aparências, o verdadeiro poder ao ter autoridade sobre os filhos e ao exercer a sua influência sobre os homens importantes (...). Poder civilizador dos costumes, senhora dos sonhos masculinos, «belo sexo», educadora dos filhos, «fada do lar», contrariamente ao passado os poderes específicos do feminino são venerados e colocados num pedestal. Após o poder maldito do feminino, edificou-se o modelo da «segunda mulher», a mulher exaltada, idolatrada, na qual as feministas reconhecerão uma derradeira forma de domínio masculino.
(...)
É, doravante, um novo modelo que define o lugar e o destino social do feminino. Novo modelo que se caracteriza pela sua autonomização relativamente ao domínio tradicional exercido pelos homens sobre as definições e significados imaginário-sociais da mulher. A primeira mulher era satanizada e desprezada; a segunda mulher adulada, idealizada, instalada num trono. Porém, em todos os casos, a mulher estava subordinada ao homem, era pensada por ele, definida em relação a ele. Ela não era mais do que aquilo que o homem pretendia que ela fosse. Esta lógica de dependência relativamente aos homens deixou de ser aquilo que rege mais profundamente a condição feminina nas democracias ocidentais. Desvitalização do ideal da dona-de-casa, legitimidade dos estudos e do trabalho feminino, direito de sufrágio, «descasamento», liberdade sexual, controlo da procriação, tudo isto são manifestações do acesso das mulheres à total disposição de si mesmas em todas as esferas da existência, tudo são dispositivos que constroem o modelo da «terceira mulher».
(...)
A segunda mulher é uma criação ideal dos homens, a terceira mulher é uma auto-criação feminina.
Embora instituindo uma ruptura importante na história das mulheres, o modelo da terceira mulher não coincide de forma nenhuma, e há que sublinhá-lo, com o desaparecimento das desigualdades entre os sexos, nomeadamente em matéria de oreintação escolar, de relação com a vida familiar, de emprego e de remuneração. (...)"
.
Lipovetsky, Gilles. A Terceira Mulher. Permanência e Revolução do Feminino. (1997) Lisboa. Instituto Piaget, «Epistemologia e Sociedade», 2000.

No comments:

eme Loves SorrisosPerfeitos

eme Loves SorrisosPerfeitos
porque saben lo que hacen