Beija-nos / Baisons-nous
Qual o elo entre Fernando Pessoa e o vinho? A EXPAND, que oferece encontros de harmonização entre sensações poéticas e aromáticas.
Antes de você participar, que tal entender um pouco mais sobre a(s) personalidade(s) deste misterioso português?
Poeta das dúvidas e inquietações do ser humano frente a seu enigmático destino, Fernando Pessoa desdobrou-se em heterônimos para escrever sobre o drama das almas.
De todos, o que mais me atrai e fascina pela simplicidade complexa de seus poemas e odes lírico-dramáticas é Álvaro de Campos, que tantas vezes nos falou sobre seus sonhos:
“Tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser.
Pode ser que para outro mundo eu possa levar o que sonhei,
Mas poderia eu levar para outro mundo o que esqueci de sonhar?”
E o que de melhor para sonhar senão um beijo?
Artistas de todas as épocas abordaram este tema universal, tão antigo e sempre tão novo (não estou me referindo ao beijo virtual, mas apenas ao real, que é muuuito melhor).
Refletindo sobre meus beijos preferidos na História das Artes, facilmente cheguei a um consenso de duas obras, que tive oportunidade de conhecer pessoalmente:
Na pintura, “O Beijo”, do austríaco Gustav Klimt (veja algumas de suas obras no artigo “Bordando a Arte”), de 1908, que se encontra na Österreichische Galerie, em Viena.
A mutualidade do desejo é soberbamente interpretada nas formas orgânicas das figuras envoltas no espaço dourado.
Com “O Beijo”, a obra de Klimt passa a se entrelaçar com as formas robustas do artista Auguste Rodin, autor da minha óbvia segunda escolha – sua mais-que-reproduzida escultura, também intitulada “O Beijo", de 1887, instalada em Paris, no Musée Rodin.
http://emedeamar.blogspot.com/2006/08/one-of.html
“O Beijo” de Rodin inspirou poetas e admiradores desconhecidos:
“Ah! Baisons-nous!
Ton geste amoureux est si beau!
Tes attitudes sont si belles!
(Il ne faut pas aller vers elle
Si vous ne devez pas la revoir)”
Bem, voltemos ao nosso foco – Fernando Pessoa, ou melhor, Álvaro de Campos, para transcrever alguns enxertos de uma de suas odes, que, a meu ver, é a mais singela sobre o tema:
“Vem, Noite antiqüíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Dos sonhos impossíveis que procuramos em vão.
Vem, levemente,
Vem, vagamente,
E deixa apenas uma luz e outra luz e mais outra.
Vem, e embala-nos,
Vem e afaga-nos,
Beija-nos silenciosamente na fronte,
Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam
Senão por uma diferença na alma,
E um vago soluço partindo melodiosamente
Do antiqüíssimo de nós.
Vem soleníssima,
Soleníssima e cheia
De uma oculta vontade de soluçar,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
E todos os gestos não saem do nosso corpo
E só alcançamos onde o nosso braço chega,
E só vemos até onde chega nosso olhar.
Vem, lá do fundo,
Do horizonte lívido,
Vem e arranca-me
Do solo onde vicejo
E desfolha-me para teu agrado,
Para teu agrado silencioso.
Com as estrelas luzindo nas tuas mãos
Vem, cuidadosa
Vem, Noite silenciosa
Vem envolver
O meu coração.”
wellcome // bienvenu // hola // olá
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I'm very happy with your arrival! this virtual place is focused on the (so called) feminin and masculin voice's", by the Art's approach, and it is not a diary-blog. I wish you enjoy with pleasure and comments :-)
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Je suis enchantée de votre visite! Remarquez que ce blog (n'est pas un blog-périodique), est construit autour des (désignés comme) voix et regards au féminin et au masculin à travers les contributions de l'Art. Il ne me reste que vous désirer deux toutes petites choses: qu'ayez plaisir ici et... qu'il soit partagé=comenté:-) avec moi.
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!Hola! !estoy encantada con tu visita! mira una cosilla: este blog no es de edición diária ?vale?. Es un blog centrado en las (designadas como) voces y miradas en el femenino (y en el masculino), segundo las aportaciones de L'Arte. Mis votos de que disfrutes por acá y... de que puedas compartir conmigo ese placer :-).
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where we are / donde estamos / où sommes
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the taste of the eme's lips
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emedeamar de Maria Toscano está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional Baseado no trabalho disponível em http://emedeamar.blogspot.pt/.
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22 April 2007
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